Thursday, July 03, 2008

O Divórcio e a dificuldade de um novo Recomeço


Existem muitos casos nos quais a separação é decidida unilateralmente, não deixando por isso de ser uma situação difícil tanto para quem parte, como para quem fica. O terminus de um casamento provoca em nós um sentimento de perda semelhante à morte de um familiar ou de alguém que nos é querido.

Os primeiros tempos do pós-divórcio são sempre bastante dolorosos, mas com maturidade e um acompanhamento adequado, a sensação de pesar acaba por ser ultrapassada. Por norma, é assim que sucede.

Contudo, após um divórcio, é também frequente uma das partes reclamar para si o papel de vítima, tornando o processo em tudo complicado tanto para si como para as restantes partes envolvidas. Quando o sentimento de perda é associado à rejeição, uma pessoa que tenha" mau perder" reveste todas as suas atitudes numa espécie de esquema de vingança, chegando ao ponto de voltar a casar só para não se sentir por baixo ou a usar os próprios filhos, quando os há, como arma de retaliação e de arremesso.

Contrariando muitas ideias, muitos pré-conceitos , é possível uma criança ter um desenvolvimento feliz e harmonioso sem ter os dois progenitores a dormir na mesma cama. O papel de divorciado(a) não é, de todo, incompatível com o papel de pai ou mãe (ou pelo menos,não deveria ser).

Não obstante, os tribunais estão a abarrotar de processos desencadeados por pais pseudo-heróis a lutar pelos seus filhos, enquanto os mesmos vão crescendo com a sensação de culpa por serem um motivo de discórdia.

Ora isto é perfeitamente errado visto que uma criança não precisa que os pais se matem no ringue por sua causa, um pai ou uma mãe só tem uma coisa que provar a um filho: é provar que o amam incondicionalmente e que estará sempre a seu lado para o apoiar e proteger, independentemente das circunstâncias.

É lamentável ver os interesses de alguns pais serem colocados acima do interesse dos próprios filhos menores, mas acontece.

Depois de uma separação, recomeçar a vida ao lado de outrém nem sempre é tarefa simples. Das duas, uma: ou se cai nos braços da primeira pessoa que nos oferece apoio ou tem que se esperar um bom período de tempo até que se resolva eleger um novo par.

Encontrar um novo alguém para partilhar os dias é um pouco como procurar um lugar no estacionamento de um hipermercado: passamos por lugares vagos, mas como são distantes da porta de entrada principal, acabamos por andar às voltas, a ver se temos a sorte de arranjar um mais próximo. Por vezes, acabamos mesmo por desistir e irmo-nos embora, o que é errado, porque afinal, se fomos até ali é porque tínhamos necessidade de ali ir.

Ninguém deve desistir do seu lugar no estacionamento. Por vezes demora-se um pouco, mas um divórcio não deve ser motivo para se desistir do amor.

É comum passar-se por uma fase em que se salta de romance em romance que acaba por nunca dar certo porque, depois de um divórcio, uma pessoa torna-se bastante mais exigente ou bastante mais apreensiva e o simples acto de tentar pode ser desgastante e é por isso que muitos se rendem à solidão.

A solidão é uma falsa amiga porque vicia e, de orgulhosamente só a orgulhosamente arrogante vai uma distância muito curta, por isso, cuidado!

Ideal, ideal, seria a pessoa manter-se uns tempos a sós para digerir bem a tentativa abortada, aproveitar para aprofundar o auto-conhecimento e investir em projectos noutras áreas que a pudessem instigar a seguir em frente, mas sem nunca, mas nunca, fechar a porta à possibilidade de um novo amor.

Não obstante, o essencial é que saibamos fazermo-nos respeitar pelas nossas opções e não alimentar preconceitos respeitantes ao estado civil. Afinal, o mundo não acaba por causa de um divórcio e a nossa vida também não.

Mas esta é apenas a minha opinião, e vocês caros leitores o que pensam desta temática?

21 comments:

Miguel said...

Eu penso que para evitar o divórcio se devia pensar melhor no casamento.

O que quero dizer com isto? Hoje em dia casa-se por tudo e por nada... Conheço pessoas quem em três meses se conheceram e se casaram... Obviamente que por muito que se gostem ainda não podem ter as condições necessárias para poderem viver juntos pelos menos 20 anos.

Digo 20 anos porque será o tempo de terem um filho e ele ter maturidade depois para perceber um possível divórcio...

Agora não me cabe na cabeça uma pessoa casar e passado 3 anos separar-se com um bébé fruto dessa relação... :( a criança é que sofre no meio disto tudo

Beijinhos

Anonymous said...

Concordo um pouco com o Miguel. Provavelmente as pessoas decidem casar-se talvez não pelas melhores razões... Eu posso falar na 1ª pessoa, porque sou divorciada. Casei porque namorava há uns anos e ambos já trabalhavamos. Era um pouco ingénua na altura pq apesar de não estar plena com a nossa relação, achei que com o casamento tudo iria mudar... Estive casada dois anos. Durante estes dois anos passei mal. Tinha depressões sem saber qual a razão... Nada me faltava, por isso não percebia o que se passava. Até que me apaixonei por outro homem e percebi que não amava o meu marido. Separei-me pq não queria enganar o meu marido, e principalmente, a mim própria. Passei um ano de isolamento depois do divórcio. Apesar de a decisão ter sido minha, não foi fácil... Hoje, passados 5 anos, percebo que me casei inconscientemente para sair de casa dos meus pais, pq eles não me deixavam morar sozinha...
O divórcio é muito complicado. Felizmente não tive filhos, pq se os tivesse tido, tudo seria diferente... Talvez... Não sei!
Olho para o meu casamento como um verdadeiro fracasso, da minha parte. Mas essa fase está superada, e a Vida continua :)

Beijinhos

luafeiticeira said...

Concordo perfeitamente, mas, infelizmente, há muita gente que usa os filhos como vingança. E os tribunais são tão lesmas...
Beijos da Carochinha

Tipp said...

Sim a vida não acaba, no essencial altera-se, o viver sozinho deve ser bom para ermitãs.
Assim com para o casamento, também no divorcio, devemos ter bem presente o que queremos da vida. E claro quem quer vingança, vai viver nisso mesmo, vingança. Eu escolho o Amor, sempre.
Bjs

Benfiquista said...

''A solidão é uma falsa amiga porque vicia ''

Posso dizer que realmente vicia. Creio que apesar de ter 19, a caminho dos 20 ainda devo ser muito puto ainda, de maneira que ainda nao me ralo propriamente com essas questoes de namoro ou algo mais avançado do que isso...

Até porque de momento penso ter outras prioridades menos importantes na teoria mas que na pratica fazem o seu efeito na minha vida...

Quanto aos divorcios em si, a questão é que as pessoas por vezes são egoístas em perceber os seus verdadeiros sentimentos, e o que sucede é que mais tarde depreendem que certos 'passos à frente' são um erro crasso, e depois se já houve diversão na cama e já existe um filho no meio da confusão toda, acaba por ser essa a principal vítima...

Após o divorcio é algo que dependa da personalidade da pessoa em questão, há pessoas mais abertas, outras mais introvertidas, e as relações futuras acabam por refletir-se apartir desse detalhe...

Diabólica said...

MIGUEL,

Concordo inteiramente quando dizes que se devia pensar melhor no casamento, para se evitar um divórcio tão doloroso para as partes envolvidas. Essa seria, sem dúvida, a excelência.

Achei muito interessante a tua perspectiva dos 20 anos, estamos em total sintonia tb nesta analogia, embora cada vez que a defenda me digam que estou ultrapassada.... Enfim, cada cabeça sua sentença.

Obrigada pela tua participação.

Beijinhos diabólicos.

Diabólica said...

BORBOLETA,

Por vezes, e tal como te aconteceu, os pais, ao contrário do que se diz, tb influênciam e orientam algumas das nossas más decisões.

Foi o que te aconteceu. Esta opção, como não poderia deixar de ser causou-te muito sofrimento, angústia e depressão, o que seria evitável, se por vezes os nossos progenitores nos deixassem decidir por nós próprios, para variar.

Mas, enfim, infelizmente situações destas continuam a acontecer, por mais que os pais se digam liberais e compreensivos...

Nesta tua situação em particular o importante é que, não obstante, de todo o sofrimento inerente, conseguis-te dar a "volta por cima" e recomeçar a tua vida.

As mágoas ainda existem, mas verás que o tempo se irá encarregar de as "suavizar".

Num computo geral, desta lamentável situação, deverás retirar a devida lição e continuar a tua vida, agora com mais uma aprendizagem que te irá ajudar a crescer enquanto pessoa.

Em última instância é o que todos retiramos com situações limite deste género.

Um conselho não olhes este casamento como um fracasso, mas sim como uma etapa de evolução na tua vida.

Algo que foi necessário para o teu desenvolvimento enquanto ser humano.

Desejo-te as maiores felicidades! Força!

Beijinhos diabólicos

Diabólica said...

LUA FEITICEIRA,

Essa é a parte pior, era bom que todos começassem a pensar mais objectivamente nesta questão.

Obrigada pela visita.

Beijinhos diabólicos.

Diabólica said...

TIPP,

Também a mim não me fascina a solidão, mas por vezes é necessário dar-mos tempo ao tempo, são etapas que variam de pessoa para pessoa, mas que podem ter a sua relevância em todo este doloroso processo, poderão servir para a pessoa se situar...

A vingança, na minha perspectiva, também será uma perda de tempo e de energia, sendo revestida de uma maldade desnecessária.

O amor decididamente é o melhor caminho. Mas, esta é só a minha opinião e vale o que vale.

Beijinhos diabólicos.

Diabólica said...

JOÃO,

O facto de não te preocupares com questões relacionadas com namoros e relações, não significa de forma nenhuma que és um "puto".

Todas as pessoas têm o seu "timing", e esse no momento é o teu, ou seja não é mau nem bom, é a tua actual necessidade.

O que interessa é o teu bem estar e que percorras o caminho que seja o melhor para o teu desenvolvimento enquanto pessoa.

Beijinhos diabólicos.

Belzebu said...

Hesitei em comentar este post pois apesar de nunca ter casado, estou num processo recente de separação, de uma relação de 21 anos e como podes imaginar não é fácil. Felizmente não há crianças envolvidas mas há uma grande desilusão e uma fase de negação, de reequacionar a vida e as prioridades. Não me vou alongar até porque ainda não sei muito o que dizer sobre "o depois", mas o durante, acredita, não é nada fácil!

Aquele abraço infernal!

Diabólica said...

BELZEBU,

Antes de mais gostaria de dizer-te que lamento a situação porque estás a passar. Uma separação, é sempre dolorosa, existe sempre um vazio e uma dor que só quem passa por isto entende.

Compreendo-te perfeitamente.

Embora nunca tenha sido casada, também eu já passei por uma separação violenta, que me magoou muito e que me fez perder o norte.

A sensação era a de que estava à beira do abismo, e que nada nem ninguém conseguia acalmar essa dor, nem esse vazio francamente assustador.

Para ser absolutamente sincera ainda hoje, embora a uma escala muito menor, me debato com essa dor, sem que para isso seja necessário me encontrar com a pessoa em questão, basta haver um contacto com entreposta pessoa, para se dar o "click", voltar atrás no tempo e vivênciar alguns dos momentos dolorosos pelos quais passei.

Mas, apreendi que na vida tudo acaba por passar e que consoante o tempo avança a dor vai sendo menor, até ao momento em que já conseguimos lidar com ela.

Espero que seja esse também o teu trajecto, e que o teu sofrimento seja o menor possível.

Socorre-te dos teus amigos de confiança e se necessário não tenhas problemas em recorrer à ajuda de um psicólogo/psiquiatra.

Verás que este recurso poderá ser de uma enorme ajuda para soltar as dolorosas amarras que ficam e que também te permitirá abrir novos horizontes,novas perspectivas de vida.

O terapeuta será de suprema importância nesse sentido.

Ele/ela irá ajudar-te a desbravar caminho e a encontrar soluções que nestes momentos nos parecem tão impossíveis de alcançar.

Só te posso desejar muito boa sorte nesta fase menos boa da tua vida.

Se puder ser útil em alguma coisa, quanto mais não seja para desabafares estou ao teu inteiro dispor.

Se precisares diz que deixarei o meu MSN para falarmos mais recatadamente.

Beijinhos e muita força, amigo.

Sapo said...

O divorcio é a ultima coisa que se deve fazer eu acho que se deve tentar TUDO primeiro antes de sequer pensar nisso, dito isto eu tb acho que é melhor para todos, mesmo os filhos, que se não se conseguirem aturar e só o facto de se estar ao lado um do outro é um suplicio, ai deve-se avançar para o divorcio.

Deve ser um processo doloroso principalmente quando, o que acontece normalmente, as pessoas já perderam o respeito um pelo outro e só querem que o outro membro do casal sofra logo discutem sobre tudo incluindo quem tem direito ao bolo rei que está no frigorífico há 10 anos.

Concordo com a Diabólica temos de voltar a tentar, temos de voltar a "subir para o cavalo" lá por termos errado uma vez não quer disser que não se volte a tentar, é assim que a humanidade evoluiu com tentativa e erro, se não se voltar a tentar pode não se descobrir a pessoa perfeita.

Diabólica obrigado por voltares aos temas profundos fico sempre contente quando chego á tua "loja",
volta sempre

Miguel said...

a questão dos 20 anos é realmente pertinente por causa das crianças..

já que os papas ao separarem-se afirmam que amam desalmadamente os seus filhos, mas por vezes nem sequer pensam neles na altura de se atacarem um ao outro..

como tu dizes, cada cabeça sua sentença :)

Casemiro dos Plásticos said...

é por essas e por outras que não penso em casar, assim há tempo e espaço para analisar bem as coisas, o casamento por vezes muda muito a menira de ser das pessoas... um tema complexo mesmo assim.concordo com muita coisa que já foi dita em cima:)
beijo e boa semana.

Diabólica said...

SAPO,

O divórcio será, sem dúvida, a última instituição jurídica à qual se deve recorrer para resolver uma relação.

No entanto, e como muito bem sublinhas, quando a relação chega a um ponto tal, a uma situação limite em que já não há respeito entre os seus membros e a relação não é passível de ter solução, por mais que doa deve-se optar pelo divórcio.

Mas esta é a minha perspectiva, que vai até mais no sentido de proteger os filhos, caso existam.

Beijinhos diabólicos.

Diabólica said...

MIGUEL,

Resta-me apenas dizer-te que mais uma vez estamos em total sintonia de opinião.

Mas, acho que muitas pessoas continuam a ser egoístas e a querer apenas o imediato, sem se preocuparem minimamente com as consequências dos seus actos.

Enfim é o deixa andar e o deixar ver no que dá...

Beijinhos diabólicos.

Diabólica said...

CASE,

É sem um tema complexo, e que exige muita reflexão, deve, por isso, pensar-se muito bem antes de se tomar esta decisão, que, sem dúvida, muda muito a vida das pessoas envolvidas.

Beijinhos diabólicos.

Anonymous said...

Sou divorciada e a experiência que vivo fora descrita neste folhetim. É claro que não me casei para separar e fui uma guerreira em tentar que a separação não viesse, mas não deu!
Hoje estou iniciando novo relacionamento, pois ja tem 3 anos e me sinto alegre, bonita, mais amada por mim mesma...amadurecí sim por causa de angústias da separação, chorei, me isolei um tempo, refletí e por fim, me tornei melhor, agora estou pronta para fazer um homem plenamente feliz, estou sim mais seletiva, mas acho que eu posso. um abraço - Fabiana

EroticSex said...

Esta questão veio mesmo a calhar!
Eu não sou casado mas vivo com a minha ex-namorada que se separou de mim recentemente.
Temos um filho aliás fomos morar juntos quando ela engravidou.
Eu sempre lutei pelo 2 apoiei-a dei-lhe tudo que podia!
E passei por muita coisa com ela no sentido negativo desde insultos, humilhações,etc...
Aguentei por 2 motivos pelo meu filho e por a amar.
Ao fim de 2 anos e meio ela diz já não gosta de mim e que é muito nova para um "casamento" e que quer viver a vida dela!
Eu pouco posso fazer senão aceitar (não posso obrigar ninguém a gostar de mim)!
Continuamos a viver juntos porque monetariamente não podemos nos separar mas temos tentado estabelecer uma relação de amizade por causa do nosso filho.
Claro que me custa mais a mim do que a ela visto que ainda a amo, mas não voltava para ela porque não quero passar por tudo outra vez!
Já comecei o meu processo de recuperação como se diz o que não nos mata deixa-nos mais fortes!
Quanto ao nosso filho não é problema um filho nunca é um problema quem ama verdadeiramente um filho não o quer ver sofrer disso nós os dois temos consciência quando fomos morar separados caso se reúnam as condições necessária ficamos uma semana cada um á vez e cada um vê o filho quando quer!
Isto claro que é um resumo da história!
Conclusão os casamentos são complicados porque depende de 2 pessoas e nunca se sabe o que vai na cabeça da outra!
Antes de fazerem qualquer coisa pensem não só em vocês mas também na outra pessoa para não sofrerem nem fazerem os outros sofrer!

Anonymous said...

Eu convivi 9 anos da minha vida com uma pessoa e hoje esta me deixando por uma aventura passageira.Não tive filhos, isso seria nesse momento muito ruim pois ainda não estou sabendo lidar com tudo isso, gostei muito da materia, sinto grande pavor de pensar em novo relacionamento.Ficar solteira não fazia parte do meu futuro, e vi isso desmoronar rapidamente como um tsuname, destruidor.
Mas sei que a vida não terminou, ela vai começar de forma diferente e talvez melhor do realmente eu imaginasse que seria.
Divorcio é algo muito doloroso e é igual a uma cicatriz apesar de totalmente sarada sempre estara la p/ nos fazer lembrar do ocorrido só que sem dor.
Casamento deve ser bem pensado pois p/ sair dele você passa por problemas desnecessarios.